"... Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim.

Doce ou atroz, manso ou feroz... eu, caçador de mim..."

Milton Nascimento











terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eu adoro voar - Clarice Lispector


Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bodas de algodão



"Assim como o oceano só é belo com luar.
Assim como a canção só tem razão se se cantar.
Assim como uma nuvem só acontece se chover.
Assim como o poeta só é grande se sofrer.
Assim como viver sem ter amor não é viver.
Não há você sem mim e eu não existo sem você."

Vinícius de Moraes


Parabéns amor! Pelos nossos dois anos de casados!
Te amo!!!



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O jogo da vida


De uns tempos pra cá, venho fazendo algumas auto análises e tenho feito descobertas incríveis sobre mim e sobre uma infinidade de coisas que habitavam aqui dentro e que até então eram totalmente desconhecidas.
Não sei bem explicar, mas sinto, que essas descobertas se deram ao fato das inúmeras mudanças pelas quais eu passei nos últimos dois anos. Principalmente pelo fato de ter "passado dos trinta". É como se eu tivesse mudado literamente de fase, como num jogo de video game.
Antes dos trinta estava no nível fácil do jogo. Tinha uma certa leveza pra encarar a vida, não dava muita importância para as coisas  e talvez isso me fazia encará-las de uma maneira mais tranquila, descompromissada, porém, com a devida responsabilidade.
Fazia o tipo "desencanada" que topava qualquer parada, que não tinha medo de nada nem de ninguém, que gostava de aventuras e abominava tudo que fosse convencional.
 Levava a vida literalmente, ao passo que ela também me levava, e nesse embalo,  as coisas iam acontecendo naturalmente, cada uma a seu tempo.
Não tinha preocupações com absolutamente nada. Não me ligava a sentimentos tolos, não me envolvia profundamente com ninguém, não criava expectativas a respeito das pessoas. Não me importava se os relacionamentos iriam durar ou não. Só os vivia intensamente sem esperar praticamente nada deles.
E quando acabavam, encarava numa boa como tudo que se acaba um dia.
Também não queria que ninguém se ligasse a mim, porque não tinha a menor pretenção de corresponder. Mas, como nada na vida é previsível, fui pega de surpresa e de repente, lá estava eu, a um passo de mudar toda essa história.
Prestes a fazer trinta anos, de casamento marcado, e completamente disposta a mudar de fase.
Me sentia totalmente preparada pra enfrentar esse novo desafio. Me achava madura e experiente o bastante, pra encarar todas as mudanças que estavam prestes a acontecer.
Estava segura demais pra pensar que haveriam obstáculos pelos quais teria dificuldades de atravessar.
Tinha uma confiança surreal de que tiraria de letra qualquer problema.
Mero engano. Essa foi apenas uma forma pretenciosa de dizer que nada me abalaria.
Nessa segunda fase do jogo, descobri que ninguém é sábio e experiente o bastante para viver.
 A vida é o jogo. Estamos sempre mudando de fases, enfrentando adversários, descobrindo novos caminhos, encontrando obstáculos, atravessando tempestades, lutando. 
Um certo alguém que já foi muito importante na minha vida sempre dizia: "Ninguém é tão jovem que não possa ensinar e nem tão velho que não possa aprender."
A idade não mede as nossas experiências, não há balança que pese a sabedoria, ninguém nunca sabe tudo, ou está totalmente preparado para alguma coisa.
Para se viver é necessário muito mais do que alguns anos de prática e alguns tombos. Para encarar a vida é preciso acima de tudo ter coragem.
E eu venho vivendo isso todos os dias. Quando penso que sei muito, descubro que na verdade ainda tenho muito mais a aprender.
O aprendizado é eterno.
A vida é a nossa principal fonte de sabedoria, e por mais tempo que se viva, ainda acho que se morre com a sensação de ter ficado algo pra trás.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Duas bolas, por favor



"Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.
Uma só.
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco.
Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.
Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta./
Tem vontade de ficar em casa vendo um dvd, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar./
E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...
Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...
Às vezes dá vontade de fazer tudo “errado”.
Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo.
Um dia...
Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate...
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago."

Danuza Leão

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ai, ai...


Há dias não escrevo nada de "meu" por aqui. Talvez seja por falta de inspiração, falta de tempo, desinteresse, desânimo, cansaço, ou, por algum outro motivo que esqueci de citar.
A vida anda tomando conta de mim. A correria do dia a dia tem me feito esquecer de fazer coisas simples como bater papo com um vizinho, ler um livro, ouvir uma boa música, fazer uma caminhada no final da tarde,  fica à toa de papo pro ar pensando em qualquer outra coisa que não seja o trabalho, as contas pra pagar, a ida ao supermercado ou ao dentista. As vezes tenho a sensação de que o dia não tem mais vinte e quatro horas e que as coisas que tenho pra fazer simplesmente triplicaram.
Onde será que vou parar? Estou me acabando sem ter a menor noção disso. Ou as vezes até tenho noção da proporção que isso vem tomando na minha vida , mas, não faço a menor idéia de como mudar a situação(ah! também nem sei se quero realmente mudar).
E como o meu corpo reclama! Eu ultimamente estou descobrindo que sou a "Maria das Dores". Nunca senti tanta dor pra todo lado. Eu sei que isso se dá ao fato da idade também ( os 31 anos estão pesando sobre as minhas costas), sei que não tenho mais a mesma disposição para passar uma noite inteira na balada, que ando preferindo os programinhas de casais acomodados que só saem de casa pra comer. Isso quando não preferimos pedir uma pizza pra não ter nem que sair. Mas não é só por causa disso não. O rítmo acelerado dos dias também contribuem ( e muito) pra que eu deixe cada vez menos de fazer as coisas que gosto, pra aproveitar melhor o mísero tempo que me sobra ( e quando sobra) pra descansar, pra dormir até mais tarde, pra ficar jogada no sofá.
Até que tenho vontade de me aprontar, fazer uma maquiagem escândalo, calçar um belo par de saltos e sair arrasando por aí, de tomar todas e curtir a noite até o sol raiar, mas quando eu penso que depois vou precisar de quase uma semana pra me recuperar, desisto da idéia e troco tudo por um velho pijama, um rabo de cavalo e as minhas pantufas de sapo ( marido nenhum merece ver isso, mais o meu vê sempre) e entrar em estado de êxtase no colchão jogado no chão da sala e só sair de lá quando o domingo terminar...
Quando o celular desperta pela manhã a vontade que tenho é de bater tanto nele, de jogá-lo contra a parede umas mil vezes só pra me certificar de que ele nunca mais vai gritar: "É hora de levantar, são seis horas e trinta minutos". Eu odeio essa frase. Tenho pavor quando aquela mulherzinha lazarenta começa a falar isso sem parar na minha cabeça. Já saio da cama estressada com ela.
Queria descobrir quem foi FDP que inventou esse maldito toque de despertar, e o pior, como alguém em sã consciência decidi usar o maldito toque. Só uma louca de pedra como eu mesmo. É pura auto destruição. E como se isso não bastasse, ainda coloco o celular no modo "soneca" pra que a "maledita" fique repetindo a cada dez minutos. É o ápice da loucura mesmo. Ninguém normal iria querer acordar ouvindo uma coisa insana dessas. Acordar já é triste demais pra ter que ser assim. No mínimo teria que ser uma música calma pra dar mais vigor e diposição e tornar o momento menos desagradável.
Ai, ai... vidinha mesquinha!
Hoje, sexta feira, aqui estou eu relatando o momento mais sórdido dos meus dias e já pensando que amanhã é sábado e que eu bem que poderia dormir até mais tarde, não fosse a minha mania de pensar que apesar de todo estresse, eu não consigo ficar na cama enquanto o sol está estalando lá fora. Passar a metade do dia na cama definitivamente não dá.
Por isso, já estou preparando o meu roteiro pra cair da cama cedo e sair pra bater perna com a minha mãe. Entrar em todas as lojinhas do centro da cidade, futricar cada canto, ver as novidades do mundo fashion, comprar esmaltes, creme pro cabelo,  ver gente, andar pra lá e pra cá com a maior satisfação do mundo, visitar a vovó, comer besteira, até que o sábado termine e eu volte pra casa "mortinha da silva" e prontinha pra encarar uma sessão de filmes, comer mais besteiras e me jogar de novo no colchão no chão da sala e só sair de lá quando o domingo terminar...
Ai, ai... vidinha mesquinha!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nem tudo é fácil



"É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!"

CECÍLIA MEIRELES

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Diga sim pra mim - Isabella Taviani




"Eu pensei em comprar algumas flores
Só pra chamar mais atenção
Eu sei, já não há mais razão pra solidão
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim

Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
Ahhh , Sim pra mim

Eu pensei em escrever alguns poemas
Só pra tocar seu coração
Eu sei, uma pitada de romance é bom
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim

Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
ahh Sim pra mim

Prometo sempre ser o seu abrigo
Na dor, o sofrimento é dividido
Lhe juro ser fiel ao nosso encontro
Na alegria,a felicidade vem em dobro

Eu comprei uma casinha tão modesta
Eu sei, você não liga pra essas coisas
Te darei toda a riqueza de uma vida
O meu amor

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim

Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
Sim pra mim

Case-se comigo
Case-se comigo
Case comigo meu amor
Case-se comigo
Case-se comigo
Case comigo meu amor"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Quero férias!

Definitivamente, acho que vou ter um treco. Ultimamente tenho sentido um cansaço fora do comum. Ando sonhando com a possibilidade de tirar alguns dias de descanso e sumir do mapa. Não queria nem ir pra uma praia ou casa de amigos. Queria ir pra um lugar onde eu pudesse me esconder mesmo, tipo, passar um dia inteiro dormindo.
Estou chegando ao ponto de acabar de acordar e já ficar sonhando com a hora de dormir de novo. Os dias estão intermináveis e as noites cada vez mais curtas.
Passo o dia todo diante do computador, porque é o meu trabalho, e tem hora que olho pra ele e vejo meu travesseiro. A minha mesa vai tomando forma da minha cama e o barulho do telefone tocando parece uma canção de ninar. É muito louco isso, mas é verdade. Acho que estou pirando.
A minha cabeça e o meu corpo estão desordenados e sentem uma necessidade enorme de repousarem por uns quatro dias no mínimo. Começo a segunda feira já planejando que no  sábado vou dormir até meio dia. E o pior é que eu nunca consigo fazer isso. Levanto bem cedo porque tenho um milhão de coisas domésticas pra fazer, troco minha fantasia de escritório para a de dona de casa, e aí, da-lhe pressão: limpar casa, lavar roupa, dar banho no cachorro, pensar no almoço de domingo, e uma infinidade de afazeres que não acabam nunca.
E quando chega à noite, que era hora de estar animadíssima pra um sabadão esperto,  lá estou eu, mortinha.
E se me perguntarem: "Você troca uma balada por uma noite inteira de sono???????????????
Eu respondo: SIMMMMMMMMMMMMMMMMM"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Amor virtual - final


...Após trocarem os telefones, as conversas foram se tornando cada vez mais frequentes. Se falavam várias vezes ao dia e o assunto era tanto, que ainda marcavam de conversar a noite através do computador. Logo no primeiro contato, eles já haviam falado de algumas caracteristicas físicas, mas ainda não tinham trocado fotos. Só se conheciam através das imagens que foram criando um do outro, até que resolveram se apresentar.
 Ele tinha estatura mediana, pele morena, cabelos e olhos negros, um corpo definido, era jovem e estava esbanjando vitalidade. Ela, alta, pele clara, cabelos loiros, encaracolados e longos, olhos azuis e alguns anos a mais que ele. De inicio, ele não acreditou que aquela foto seria realmente dela, loira de olhos azuis eram as características que as mulheres mais usavam para se definirem numa conversa virtual na tentativa de impressionar quem estivesse do outro lado da tela. Ficou uma certa dúvida, porém, ela não insistiu muito pra que ele acreditasse. Mesmo porque, não acreditava que aquilo faria a menor diferença, pois,  na sua cabeça, aquele seria somente mais um dos inúmeros caras que havia conhecido na internet nos últimos tempos. Deixou-o à vontade para tirar suas próprias conclusões.
O tempo foi passando e eles foram ficando cada vez mais ligados. A cada conversa se descobriam um pouco mais e junto nascia um sentimento ainda confuso que insistia em se estebelecer. Começaram a fazer planos para se conhecerem pessoalmente. Passaram meses planejando, até que  num certo final de semana, esse encontro enfim aconteceria. Combinaram de se encontrar numa cidadezinha entre a cidade dele e onde ela morava. Ela mal conseguiu dormir naquela noite, tamanha era sua ansiedade. Havia uma certa insegurança, pois ouvira inúmeras histórias com finais tragicos, porém, resolveu arriscar. Era corajosa e curiosa o suficiente para enfrentar aquele desconhecido que passara a tomar conta de sua vida  de forma tão intensa.
Marcaram de se encontrar na rodoviária da tal cidade. Ela chegou primeiro e logo arrumou um cantinho onde pudesse se esconder e de onde conseguiria ver qualquer pessoa que chegasse. Esperou alguns minutos até que seu celular tocou. Era ele avisando que o seu ônibus acabara de chegar na rodoviária. Ela permaneceu de lá só observando. Viu que o ônibus já havia estacionado e ficou prestando atenção à todas as pessoas que desciam, uma a uma. Até que de repente, lá estava ele. Exatamente como ela tinha visto na foto. Seu coração disparou a ponto de quase saltar pela boca. Era praticamente impossível conter aquela coisa estranha que estava sentindo naquele momento. Ele entrou olhando pra todos os lados a sua procura. Pegou o telefone, e novamente ligou pra ela. Ela atendeu e seguiu em sua direção até que se viram cara a cara. Naquele instante, o mundo parou. Ambos ficaram completamente sem atitude, era encantador demais pra acreditar que o encontro finalmente estava acontecendo. Por alguns segundos, permaneceram congelados, se olhando, até que ele tomou a iniciativa e a abraçou. A emoção era tão grande que suas vozes estavam trêmulas, quase nulas. As mãos estavam frias e os corpos estremecidos. Se abraçaram e meio sem jeito  sentaram-se em um barzinho ali mesmo. Em pouco tempo o desconforto do primeiro momento havia passado, já estavam mais à vontade, tomaram um café, e sairam pela cidade.Conversaram durante horas.
Como era uma cidade turística e tinha um parque lindo, resolveram ir pra lá para passar o dia. Ambos sentiam que algo diferente estava acontecendo entre eles. Tinham uma sintonia incrível. E o lugar era tão mágico que contribuiu para que o encontro fosse perfeito. Passaram a manhã inteira  juntos. Almoçaram, e após o almoço, sentaram-se à sombra de uma árvore para descansar e se refrescarem. Compraram um sorvete e ficaram lá por horas contemplando a beleza do lugar e do momento tão especial pelo qual estavam vivendo.
Num súbto instante, um silêncio profundo pairou no ar e ele sem pestanejar a surpreendeu com um longo beijo. Ela, por nenhum momento tentou se livrar. Deixou que ele a conduzisse. Não entendia porque estava permitindo, mas havia algo muito  forte que a impedia de sair dos seus braços. A partir desse beijo,  aquele encontro estaria eternizado. Eles sabiam que talvez não iriam se encontrar nunca mais, mas, se deixaram viver aquele momento único. O dia terminou. Ela havia combinado com uma amiga que morava na mesma cidade, que passaria a noite em sua casa. Se despediram. Ele se hospedara num hotel. Se falaram mais algumas vezes durante a noite por telefone. Estavam radiantes e ao mesmo tempo confusos. Não sabiam explicar o que estavam sentindo, só sabiam que estavam em estado de êxtase.
Na manhã seguinte, se encontraram novamente no barzinho da rodoviária, tomaram café juntos se despediram cheios de promessas de um segundo encontro e com o coração apertado com a incerteza do que aconteceria daquele dia em diante.
Depois desse pimeiro encontro, os meses foram passando, e a vontade de se verem de novo foi ficando cada vez mais intensa. A relação foi criando uma proporção tão grande  que decidiram namorar a distância. Conheceram as famílias um do outro e pelo menos uma vez por mês se encontravam. Ele ia pra cidade dela e ela ia pra cidade dele. Estavam apaixonados. Cada encontro era incrível, aproveitavam cada minuto. Era uma relação diferente, talvez porque a distância fazia com que fosse assim. Os momentos que tinham  juntos, eram pré determinados e tinham hora pra acabar. Normalmente duravam somente um final de semana, e logo cada um teria que voltar à sua vida normal. E talvez por esse motivo só acontecessem coisas boas. Não tinham tempo pra perder com desentendimentos, também nem tinham motivos para isso porque não tinham rotina. A cada encontro era uma nova expectativa. Era sempre tudo novo. E a saudade e a vontade de estarem juntos era tão grande que nenhum  outro sentimento teria importância.
Faziam planos de se casarem, terem filhos, de construir uma vida nova, esses planos que todo casal apaixonado sempre faz. Estavam certos de que haviam sido feitos um para o  outro, que o destino havia feito com que se encontrassem de alguma maneira e que ficariam juntos pelo resto de suas vidas. A cada encontro descobriam juntos novas experiências, novos desafios. Estavam vivendo um conto de fadas. Sabiam que podiam se machucar, mas estavam envolvidos demais para que pudessem ter cautela. Viveram tudo sem restrições, sem barreiras, sem medos. Se entregaram de corpo e alma àquela relação.
 Mas a distância era um fator de peso nessa história. E com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais insustentável. Aquela magia do começo foi deixando de existir. E vieram as cobranças, a falta de confiança entre outras questões.
E ela, como já havia sofrido demais com a relação anterior começou a ver a situação com outros olhos. Tinha tanto medo de sofrer de novo, que não se permitia aprofundar mais. Começou a acreditar na hipótese de  que aquilo provavelmente não teria o futuro que estavam planejando, que era fantasioso demais para que dessem tanto crédito. E num ato de auto defesa começou a se afastar. Parou de telefonar, não atendia mais as ligações dele. Não respondia suas mensagens, simplesmente passou a ignorá-lo. Sofreu mesmo assim. Porque já não havia mais como fugir daquele sentimento. Mas preferiu sofrer naquele momento a prolongar a situação e sofrer em dobro depois. Preferiu então cortar o mal pela raíz.
 Ele, sem entender os motivos que a levaram a tomar tais atitudes até tentou por várias vezes algum contato. Ligava para a familia dela tentando achar uma resposta que o faria acreditar que tudo teria acabado. Ele nunca desistiu, porém, todas as suas tentativas foram inúteis. Ela realmente não estava preparada pra viver uma relação que não era convencional. Precisava se sentir segura. Queria ter alguém sim, mas que estivesse ao seu lado sempre. Alguém com quem pudesse contar a qualquer hora. E não alguém que estava a quase quinhentos quilometros de distância com quem tinha somente encontros marcados. E assim a relação se perdeu. Sem realmente ter tido um fim...
Hoje, quatro anos se passaram.
 Ela seguiu sua vida. Conheceu outra pessoa, se apaixonou novamente, e em pouco tempo depois se casou. Vive muito bem com seu esposo, o  ama muito e está imensamente realizada e feliz.
 Ele estudou, se formou, e está seguindo a sua vida.
Suas vidas se perderam e cada um traçou um novo caminho. Têm outros interesses, porém, têm em comum as lembranças dessa história e a  incerteza de que teriam sido felizes juntos ... ou não ...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Amor virtual


Depois do término de um longo e frustado relacionamento e uma terrível desilusão amorosa, ela muito desanimada das relações convencionais, resolveu passar parte do seu tempo navegando pelas salas de bate papo na internet. Passava horas sentada diante do computador, conversando com pessoas desconhecidas de várias partes do mundo. Trocava o dia pela noite. Atravessava madrugadas numa busca incessante pelo desconhecido.
Tinha plena consciência de que na maioria das vezes nada era verdadeiro, mas estava descrente demais da vida pra se preocupar com algumas  mentiras além de todas que havia vivido até aquele momento.
De alguma forma, aquilo lhe fazia bem e lhe dava um certo prazer. Via naqueles momentos de solidão e reclusão, uma maneira  de amenizar todos os sentimentos amargos que tinha acabado de experimentar.
 Fez algumas amizades, que por incrível que pareça saíram da tela do computador e se tornaram reais e fazem parte da sua vida até hoje.
Numa noite de sábado, lá estava ela, mais uma vez solitária e sofrida. Não havia ninguém em  sua casa. Mas ela preferiu ficar no seu mundinho cibernético. Nunca tinha imaginado que num sábado a noite, poderiam haver tantas pessoas na mesma situação, solitárias em casa procurando companhia num sala  de bate papo.
E se surpreendeu quando notou que a sala estava praticamente lotada. Descobriu que ela não era a única pessoa que não tinha nada pra fazer naquela noite.
Conversou com várias pessoas, trocou idéias, riu, e de repente uma pessoa em especial lhe chamou bastante atenção e, despretenciosamente, ela resolveu o chamar para uma conversa.
O cara tinha um papo interessante, era de uma cidadezinha do Sul de Minas. Pelo que disse,  era  alguns anos mais jovem do que ela. Contou várias coisas da sua vida. Parecia ser uma pessoa do bem.Contou coisas muito particulares, falou das suas tristezas, das suas dificuldades, de alguns traumas.  Descobriram que tinham muitas coisas em comum  e que de certa forma estavam vivendo praticamente as mesmas experiências.
Eram tantas afinidades que tinham a sensação de  que se conheciam há anos.
 Ela, muito cuidadosa pra não acreditar em tudo que estava sendo dito, também começou a contar algumas coisas sobre si, e o papo foi ficando tão interessante e envolvente que quando viu já tinha contado coisas  intimas como se estivesse desabafando  com sua melhor amiga. 
A noite foi passando. Há muito tempo ela não se sentia tão bem. Não estava sozinha. E quando se deram conta o dia tinha amanhecido. Não queriam se despedir, tinham assunto de sobra pra passar mais um dia inteiro ali.  Alguma coisa de muito especial havia acontecido naquela noite com aquela conversa, e ela sentia que pra ele também tinha sido especial.
E mesmo sabendo que era virtual demais pra acreditar em alguma coisa do que foi dito, decidiram trocar telefones.
Naquela noite, eles não faziam a menor idéia de que o rumo de suas vidas mudariam completamente  e que estavam prestes a viver a mais linda e inesquecível história de amor...
[continua...]

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pai...



Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar

Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Respira Kellynha... respira...

Que eu sou o ser mais ancioso e mais impulsivo do universo, todo mundo já sabe. Vivo enfiando os pés pelas mãos com esse meu jeito "esbaforido" de ser.
Tenho uns rompantes repentinos, meu humor é tão bipolar, que as vezes até eu mesma fico assustada, mas é tudo tão involuntário, que não dá tempo nem de pensar.

Acho que isso também se dá ao fato, de eu ser um tanto quanto transparente demais. Não sou do tipo que faz força pra esconder o que está sentindo ou pensando. Se não gosto de alguma coisa ou de alguém, de cara já deixo transparecer, e não há santo que me faça disfarçar o desagrado.

Quando esses súbtos de intolerância me pegam desprevenida, além de todo desconforto que causam a mim e aos outros tem também a ressaca moral que fica.
Depois que passa, vem  uma sensação horrível de vergonha, de arrependimento, uma mistura de coisas que confundem a minha cabeça , porque eu tenho plena consciência do que fiz e ao mesmo tempo não consigo encontrar uma maneira de reverter e a única solução que me resta é tentar resgatar ( se é que existe) algo que possa ter sobrado de um desastre. Daí é arrumar uma cara bem lavada e colocar lá pra bater com um simples, " desculpa por ontem, foi mal".

Essa semana, pra variar, tive mais um desses momentos de pane total. Me vi numa situação completamente desagradável  e não titubiei ao fazer com que todo mundo notasse a minha insatisfação. E em questão de segundos, estraguei uma noite que tinha (quase) tudo  pra ser perfeita. Não fosse o fato de eu me encontrar contrariada naquele instante. E aí foi fatal. O tal rompante tomou conta de mim e logo estava tudo destruído, o que me rendeu quase uma noite inteira de discussão, trocas de ofensas e acusações e um quilo  a mais de olheiras por uma noite mal dormida. Era a tal da ressaca me pegando de novo.

Depois da tempestade, paro pra pensar em tudo o que ocorreu e chego a conclusão de que o meu maior problema, é a minha terrível mania de agir e falar as coisas sem pensar. Faço o que me dá na telha.
Não paro pra pensar nas consequências, em quantas pessoas ficam aborrecidas, chateadas e constrangidas por causa disso.
E na maioria das vezes, ninguém nem  entende o que exatamente aconteceu.

 Depois de contar pra minha mãe tudo que eu havia provocado, ela me  falou uma coisa  que eu estou tentando colocar em prática. Ela, sempre tão coerente , teceu o seu sábio conselho:
"Kellynha, quando você ver que está prestes a ter essas atitudes, pára e respira."
Sábias palavras... Aliás, como tudo o que ela diz.

Tenho plena consciência de que o que me falta é o mínimo de sensatez para discernir tais atitudes antes de praticá-las.
Eis que criei alguns pontos para serem analisados segundos antes de cometer qualquer insanidade outra vez, enquanto tento aprender a tática da respiração pré confusão:
 "Porque estou tendo tal atitude?"
" Será mesmo necessário criar toda uma situação desagradável que na maioria das vezes, é por coisas tão  insignificantes?"
 Valerá à pena todo esse desgaste?"
"O que esses rompantes irão acrescentar de bom à minha vida e à vida das pessoas envolvidas?"

Diante dessas questões, retomo minha lucidez e concluo que definitivamente não há nenhuma razão para tais ataques de loucura.

 A vida é curta demais pra ser desperdiçada com bobagens. Não dá pra ficar perdendo tempo. Não dá pra passar a vida toda errando e pedindo desculpas.  Evitar é a melhor opção. Depois que está feito, por mais que se peça desculpas, que se explique, a imagem que foi deixada não irá mudar.

O melhor que tenho a fazer, é reverter essa situação enquanto há tempo. Enquanto está me sendo dada uma chance pra consertar o que está errado.
Não adianta "chorar pelo leite derramado".
A hora da mudança é agora!
Refletir, relaxar e viver...  em paz, sem neuras, sem ser irracional, sem sofrer ... sem fazer outras pessoas sofrerem... com prazer!

Respirar... respirar... respirar...


"... Controlando a minha maluquez ... misturada com minha lucidez..."
                                                                                            Raul Seixas

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.


Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota do que infeliz!

Arnaldo Jabor

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Maneira de Amar


"O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao seu diálogo.
Passava manhãs contando coisas à uma cravinha ou escutando o que lhe confiava um gerânio.
O girassol não ia muito com a sua cara, ou porque não fosse muito bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão, o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria.
Era uma situação embaraçosa, que as outras flores não comentavam.
Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra na ocasião devida.
O dono do jardim, achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois  de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude.
A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem.
"Você o tratava mal, agora está arrependido?"
"Não, respondeu. Estou triste porque agora não posso tratá-lo mal.
É a minha maneira de amar, ele sabia disso e gostava."

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Sapato Velho - Roupa Nova


Você se lembra, lembra
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho de cowboy

Você se lembra, lembra
Eu costumava andar
Bem mais de mil léguas
Pra poder buscar
Flores de maio azuis
E os seus cabelos enfeitar

Água da fonte
Cansei de beber
Pra não envelhecer

Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo pôr de sol

Hoje, não colho mais
As flores de maio
Nem sou mais veloz
Como os heróis

É talvez eu seja simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés





quarta-feira, 21 de julho de 2010

O paraíso da minha vida


"Tudo começou nos anos oitenta , numa pequena e pacata cidade do Centro Oeste de Minas, chamada Iguatama.
Certo dia, meu pai chega em casa com a notícia de que iríamos  nos  mudar pra essa cidade até então completamente desconhecida. Nessa época meio irmão e eu éramos muito pequenos.
Pra nós, era o mesmo que ir morar no fim do mundo. Não tínhamos a menor idéia do que iríamos encontrar por lá. Porém, meus pais, com o intuito de conseguir uma vida melhor ( já que meu pai havia recebido uma proposta pra trabalhar numa grande empresa que se instalava lá), enfrentaram  essa mudança com a cara e a coragem. E assim fomos nós. Mal sabíamos que estávamos indo pro "paraíso". Foi uma viagem longa, cansativa e maior ainda era a nossa ansiedade para saber o que nos esperava.
Quando avistamos a chegada da cidade, uma coisa me chamou muita atenção. Havia uma ponte sobre um rio sujo que atende pelo nome de "São Francisco", ou para os mais intímos, o "Velho chico". Essa ponte me assombrou durante todos os anos em que vivi lá. Tenho pavor de água, e todas as noites tinha pesadelos de  que estava caindo daquela ponte horrorosa, que pra mim era imensa, do tamanho do meu medo.
A cidade era completamente parada, com pessoas simples, típicas de cidades do interior. Sabíamos que iríamos morar em uma vila que pertencia à tal empresa. Essa vila era conhecida como Vila II, mas na entrada, havia uma placa indicando que o lugar chamava-se "Jardim Paraíso".
Os dias foram passando, fomos nos acostumando com o lugar, fizemos grandes amizades e com isso fomos descobrindo aos poucos que não poderia haver lugar melhor para se viver.
 Foram os melhores anos da minha vida. Lá, tudo era muito especial. Os amigos eram os melhores , as frutas tinham sabores especiais, a escola era incrível, não havia violência, brincávamos na rua até tarde da noite. Nossos brinquedos eram os mais simples, porém,os que mais nos divertia. Essa vila era realmente o "paraíso".
 Tinha um pequeno parque, com brinquedos velhos, uma velha quadra,  onde passávamos a maior parte do tempo. Ali era o nosso mundo. E foi assim que fui me tornando a criança mais feliz do universo.
Os anos se passaram, nós fomos crescendo, e com isso, algumas famílias começaram a se mudar de lá. Vi muitos dos meus melhores amigos, tendo que se despedir do "paraíso", e tendo que voltar para o mundo real. Afinal, quase todos os adultos daquele lugar, estavam lá pelo mesmo motivo que meu pai. Para trabalhar na tal empresa. Mas, como nada na vida é para sempre, aqueles empregos promissores também não eram e assim, as pessoas teriam que voltar para as suas cidades de origem.
 O mesmo aconteceu conosco. Depois de alguns anos vivendo lá,  meu pai chega com a terrível notícia de que teríamos que voltar pra Uberaba em poucos dias. Era dezembro, estávamos de férias da escola, muitos de nossos amigos estavam viajando. Como a maioria das pessoas eram de outras cidades, sempre aproveitavam os feriados e as férias para visitarem as suas famílias. Foi tudo muito rápido e mal tivemos tempo de nos despedir. Em um curto prazo, estávamos de mudança, prontos para colocar fim àquele sonho.
Foi a viagem mais longa da minha vida. Não conseguia conter o choro e a tristeza de ter que deixar aquele lugar. Não me conformava de não ter tido tempo de me despedir dos meus amigos da escola. Não conseguia aceitar o fato de que eu nunca mais os veria. Nunca mais voltaria lá. Aquela ponte horrosa não mais faria parte da minha vida. E de certa forma iria sentir falta dela. Tudo iria mudar. Estava prestes a enfrentar a vida numa cidade relativamente grande, onde não seria possível viver aqueles momentos mágicos da pequena Iguatama. Nesta época eu já estava com doze anos. Já entendia melhor as coisas, mas aceitar era muito dificil!
 Começamos uma nova vida em Uberaba,  com novos amigos, numa nova escola. Tudo novo. Tudo diferente. Me sentia como se não fosse desse mundo. O meu mundo era aquela cidadezinha que deixei pra trás. Sentia uma saudade profunda daquele lugar e das coisas maravilhosas que vivi lá. Passei longos anos, lamentando e sempre com um pé preso naquele passado magnífico e inesquecível.
Perdi completamente o contato com todos os meus amigos. Por algum tempo, ainda escrevíamos cartas, mas, isso foi ficando cada vez mais raro, até que um dia nunca mais tivemos notícias uns dos outros. Perdemos o contato, mas, jamais deixei de sentir saudades e de sonhar com o momento em que nos encontraríamos de novo.
Praticamente vinte anos depois, com o surgimento do orkut, vi a possibilidade de reencontrar essas pessoas e comecei a minha odisséia pelo mundo virtual na tentativa incessante de encontrar alguém daquela época.
A cada dia era uma descoberta nova. Encontrei praticamente todos os meus velhos amigos, todos com novas estórias.Muitos formados, casados, com filhos.
Descobri que todos eles também alimentavam a saudade do passado,  não haviam se esquecido de mim, e que o "paraíso" tinha a mesma importância pra eles, mesmo depois de tantos anos. Eles também guardavam com carinho essas lembranças.
E com esses reencontros virtuais, nasceu a possibilidade de realizar o sonho de retonar ao "paraíso".
Uma amiga daquela época ( uma das poucas que ainda morava lá) iria se casar, e havia me mandado um convite do seu casamento. Iria se tornar real o meu sonho de poder voltar àquele lugar tão mágico.
Foi a melhor viagem da minha vida!
Quando avistei a cidade ao longe, pensei que meu coração não iria aguentar de tanta emoção.
Chegando na cidade, lá estava a ponte. Estava velha, um pouco destruída, mas firme como nunca.
 O "Velho Chico" continuava imponente, apesar de meio descuidado. Nesse instante, tive uma súbta crise de risos, porque  descobri que a tal ponte não era tão assustadora como eu acreditava que fosse. É que quando somos crianças as coisas que nos metem medo, têm uma dimensão muito maior do que realmente são.
Cada canto da cidade permanecia intacto. Era como aquela antiga música: " ..A mesma praça, os mesmos bancos, as mesmas flores e os mesmos jardins..."
A sensação que tive, era de que o cenário não havia mudado em nada. Eu era a única mudança ali. Mas era somente uma mudança física.  Porque o meu coração, permanecia como há vinte anos. Me senti como se ainda fosse aquela criança. Estava amparada, de volta àquele lugar que era meu.
 Alguns amigos estavam na cidade por causa do mesmo casamento. Foi um grande reecontro. A minha escola querida estava do mesmo jeito. Retornei à Vila II, e lá estava ela, praticamente abandonada. Mas a placa na entrada permanecia, dando um toque especial.
 O velho parque com a velha quadra já não fazia mais tanto sucesso, nem tinha crianças como antigamente, mas as lembranças do que vivemos ali estavam muito vivas dentro de nós. O meu sonho de retornar ao "paraíso" havia se tornado real.
Esse retorno durou somente um fim de semana. O tempo foi curto, mas foi o suficiente para eu fazer valer à pena cada segundo.
O passeio acabou! E eu voltei pra casa com o coração transbordando de felicidade e com a grande certeza de que, por mais que o tempo passe, essas lembranças jamais serão apagadas da minha memória.
Reviver esses momentos, me fez perceber o quanto é bom alimentar os sonhos e que viver de sonhos é dar sabor à vida."




Entrada da cidade



Carranca na entrada da cidade
Um dos simbolos mais importantes da história do Rio São Francisco



A velha Ponte sobre o "Velho Chico"


A Escola Estadual Coronel José Garcia Pereira
Onde eu estudei do Pré até a Sexta Série


A Vila II

Raquel - Uma das minhas amigas da infância
( hoje ela mora em São João Del Rei)
e o parque da Vila
Revivendo os velhos tempos
Antigamente eu cabia nesse balanço



A quadra

O coreto na pracinha da igreja 
 Ah! se esse coreto falasse!!!

Alguns dos grandes amigos de infância:
MarioZan ( Hoje mora em Bambuí),
Daniela, Cláudia e Mary
( todas ainda moram em Iguatama) e Raquel
Gleice ( Ainda mora em Iguatama), Cláudia e Raquel



A ponte de novo
Voltando pra casa




 
P.S: Gostaria de agradecer ao Rodrigo do Blog Mukirana Café,  que foi quem me inspirou a contar um pouquinho dessa estória que é tão importante na minha vida. Obrigada Rodrigo!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Página virada


Muitas coisas aconteceram na minha vida nos últimos dias. Decepções, dores, traumas. E apesar de ser difícil entender, acredito que essas coisas acontecem, para nos ensinar. A vida não é feita somente de momentos felizes. As dores fazem parte do nosso crescimento, do amadurecimento, e é com elas que aprendemos a nos fortalecer. Ninguém disse que seria fácil! Aliás, nada nunca foi muito fácil. Pelo menos na minha vida.
Porém, depois de tantas dores, hoje resolvi virar a página definitivamente. Não dá pra passar o resto da vida lamentando, chorando pelos cantos, achando que o mundo é responsável por tudo que aconteceu.
O mundo não pára!
Ficar aqui, trancafiada nessa gaiola de sofrimentos, só tem meio feito mal. A amargura tomou conta dos meus olhos e o meu coração se fechou para o belo da vida. Não quero ficar assim.
Essa mágoa está me consumindo, e me fazendo esquecer de que a vida sempre vale à pena.
Alimentar a dor é dar à ela força pra continuar viva dentro de nós.
O que passou... passou. Agora, o melhor a fazer, é recomeçar.
Virar a página é sempre o primeiro passo para a renovação.
Com todos esses acontecimentos, tirei uma grande lição. Nada acontece na hora em que queremos. Toda essa dor, me fez aprender a ser tolerante, e a esperar cada coisa acontecer na sua hora.
O passado nunca vai deixar de existir. Ele apenas vai ficar escrito numa das páginas da minha vida. Mas não tomará conta de mim. Foi uma dura lição que jamais será esquecida. Mas, o apredizado tem que continuar, é já está na hora de passar para o próximo capítulo.
Que os próximos dias sejam repletos de grandes novidades e que as novas etapas venham para que eu possa superá-las com mais sabedoria e paciência.

"SABER RECOMEÇAR NA VIDA É TÃO IMPORTANTE QUANTO SABER VIVER."

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O sonho que virou pesadelo

Tinha tudo pra ser um jogo espetacular!
Todos sabíamos que seria uma disputa dificil. Era matar ou morrer. Não teria mais nenhuma outra chance. Eram cento e noventa milhões de brasileiros confiantes, empenhados em torcer para esse time que estava lá representando cada um de nós.
Foi dada a partida, nossos corações saltavam no peito, todos unidos por um só objetivo, buscando a realização do sonho de ser EXACAMPEÃO!
Porém, como o vento muda a sua direção a cada segundo, o destino da nossa seleção também mudou e passamos de favoritos a fracassados num piscar de olhos.
Foram longos noventa minutos de sofrimento, de angústia, de pedidos para todos os santos e de uma imensa decepção.
Vimos em cada olhar o sonho se esvaindo. 
Os sorrisos e os gritos de euforia rapidamente foram dando lugar às lágrimas contidas.
Em cada rosto estava a marca da derrota.
Se passaram quatro anos da última copa, onde na mesma fase, a nossa seleção passava pela mesma situação. Era o filme se repetindo.
Agora o que nos resta, é aguardar mais quatro anos para a chegada da copa de 2014 dessa vez, dentro de casa.
 É levantar a cabeça, e continuar acreditando que da próxima vez vai ser melhor.


Do sonho da conquista de ser hexa só nos restou o sabor amargo da "laranja mecânica".
Mas, não percamos a esperança, porque "SOMOS BRASILEIROS E NÃO DESISTIMOS NUNCA."