"... Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim.

Doce ou atroz, manso ou feroz... eu, caçador de mim..."

Milton Nascimento











segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Respira Kellynha... respira...

Que eu sou o ser mais ancioso e mais impulsivo do universo, todo mundo já sabe. Vivo enfiando os pés pelas mãos com esse meu jeito "esbaforido" de ser.
Tenho uns rompantes repentinos, meu humor é tão bipolar, que as vezes até eu mesma fico assustada, mas é tudo tão involuntário, que não dá tempo nem de pensar.

Acho que isso também se dá ao fato, de eu ser um tanto quanto transparente demais. Não sou do tipo que faz força pra esconder o que está sentindo ou pensando. Se não gosto de alguma coisa ou de alguém, de cara já deixo transparecer, e não há santo que me faça disfarçar o desagrado.

Quando esses súbtos de intolerância me pegam desprevenida, além de todo desconforto que causam a mim e aos outros tem também a ressaca moral que fica.
Depois que passa, vem  uma sensação horrível de vergonha, de arrependimento, uma mistura de coisas que confundem a minha cabeça , porque eu tenho plena consciência do que fiz e ao mesmo tempo não consigo encontrar uma maneira de reverter e a única solução que me resta é tentar resgatar ( se é que existe) algo que possa ter sobrado de um desastre. Daí é arrumar uma cara bem lavada e colocar lá pra bater com um simples, " desculpa por ontem, foi mal".

Essa semana, pra variar, tive mais um desses momentos de pane total. Me vi numa situação completamente desagradável  e não titubiei ao fazer com que todo mundo notasse a minha insatisfação. E em questão de segundos, estraguei uma noite que tinha (quase) tudo  pra ser perfeita. Não fosse o fato de eu me encontrar contrariada naquele instante. E aí foi fatal. O tal rompante tomou conta de mim e logo estava tudo destruído, o que me rendeu quase uma noite inteira de discussão, trocas de ofensas e acusações e um quilo  a mais de olheiras por uma noite mal dormida. Era a tal da ressaca me pegando de novo.

Depois da tempestade, paro pra pensar em tudo o que ocorreu e chego a conclusão de que o meu maior problema, é a minha terrível mania de agir e falar as coisas sem pensar. Faço o que me dá na telha.
Não paro pra pensar nas consequências, em quantas pessoas ficam aborrecidas, chateadas e constrangidas por causa disso.
E na maioria das vezes, ninguém nem  entende o que exatamente aconteceu.

 Depois de contar pra minha mãe tudo que eu havia provocado, ela me  falou uma coisa  que eu estou tentando colocar em prática. Ela, sempre tão coerente , teceu o seu sábio conselho:
"Kellynha, quando você ver que está prestes a ter essas atitudes, pára e respira."
Sábias palavras... Aliás, como tudo o que ela diz.

Tenho plena consciência de que o que me falta é o mínimo de sensatez para discernir tais atitudes antes de praticá-las.
Eis que criei alguns pontos para serem analisados segundos antes de cometer qualquer insanidade outra vez, enquanto tento aprender a tática da respiração pré confusão:
 "Porque estou tendo tal atitude?"
" Será mesmo necessário criar toda uma situação desagradável que na maioria das vezes, é por coisas tão  insignificantes?"
 Valerá à pena todo esse desgaste?"
"O que esses rompantes irão acrescentar de bom à minha vida e à vida das pessoas envolvidas?"

Diante dessas questões, retomo minha lucidez e concluo que definitivamente não há nenhuma razão para tais ataques de loucura.

 A vida é curta demais pra ser desperdiçada com bobagens. Não dá pra ficar perdendo tempo. Não dá pra passar a vida toda errando e pedindo desculpas.  Evitar é a melhor opção. Depois que está feito, por mais que se peça desculpas, que se explique, a imagem que foi deixada não irá mudar.

O melhor que tenho a fazer, é reverter essa situação enquanto há tempo. Enquanto está me sendo dada uma chance pra consertar o que está errado.
Não adianta "chorar pelo leite derramado".
A hora da mudança é agora!
Refletir, relaxar e viver...  em paz, sem neuras, sem ser irracional, sem sofrer ... sem fazer outras pessoas sofrerem... com prazer!

Respirar... respirar... respirar...


"... Controlando a minha maluquez ... misturada com minha lucidez..."
                                                                                            Raul Seixas

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.


Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota do que infeliz!

Arnaldo Jabor