"... Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim.

Doce ou atroz, manso ou feroz... eu, caçador de mim..."

Milton Nascimento











quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O jogo da vida


De uns tempos pra cá, venho fazendo algumas auto análises e tenho feito descobertas incríveis sobre mim e sobre uma infinidade de coisas que habitavam aqui dentro e que até então eram totalmente desconhecidas.
Não sei bem explicar, mas sinto, que essas descobertas se deram ao fato das inúmeras mudanças pelas quais eu passei nos últimos dois anos. Principalmente pelo fato de ter "passado dos trinta". É como se eu tivesse mudado literamente de fase, como num jogo de video game.
Antes dos trinta estava no nível fácil do jogo. Tinha uma certa leveza pra encarar a vida, não dava muita importância para as coisas  e talvez isso me fazia encará-las de uma maneira mais tranquila, descompromissada, porém, com a devida responsabilidade.
Fazia o tipo "desencanada" que topava qualquer parada, que não tinha medo de nada nem de ninguém, que gostava de aventuras e abominava tudo que fosse convencional.
 Levava a vida literalmente, ao passo que ela também me levava, e nesse embalo,  as coisas iam acontecendo naturalmente, cada uma a seu tempo.
Não tinha preocupações com absolutamente nada. Não me ligava a sentimentos tolos, não me envolvia profundamente com ninguém, não criava expectativas a respeito das pessoas. Não me importava se os relacionamentos iriam durar ou não. Só os vivia intensamente sem esperar praticamente nada deles.
E quando acabavam, encarava numa boa como tudo que se acaba um dia.
Também não queria que ninguém se ligasse a mim, porque não tinha a menor pretenção de corresponder. Mas, como nada na vida é previsível, fui pega de surpresa e de repente, lá estava eu, a um passo de mudar toda essa história.
Prestes a fazer trinta anos, de casamento marcado, e completamente disposta a mudar de fase.
Me sentia totalmente preparada pra enfrentar esse novo desafio. Me achava madura e experiente o bastante, pra encarar todas as mudanças que estavam prestes a acontecer.
Estava segura demais pra pensar que haveriam obstáculos pelos quais teria dificuldades de atravessar.
Tinha uma confiança surreal de que tiraria de letra qualquer problema.
Mero engano. Essa foi apenas uma forma pretenciosa de dizer que nada me abalaria.
Nessa segunda fase do jogo, descobri que ninguém é sábio e experiente o bastante para viver.
 A vida é o jogo. Estamos sempre mudando de fases, enfrentando adversários, descobrindo novos caminhos, encontrando obstáculos, atravessando tempestades, lutando. 
Um certo alguém que já foi muito importante na minha vida sempre dizia: "Ninguém é tão jovem que não possa ensinar e nem tão velho que não possa aprender."
A idade não mede as nossas experiências, não há balança que pese a sabedoria, ninguém nunca sabe tudo, ou está totalmente preparado para alguma coisa.
Para se viver é necessário muito mais do que alguns anos de prática e alguns tombos. Para encarar a vida é preciso acima de tudo ter coragem.
E eu venho vivendo isso todos os dias. Quando penso que sei muito, descubro que na verdade ainda tenho muito mais a aprender.
O aprendizado é eterno.
A vida é a nossa principal fonte de sabedoria, e por mais tempo que se viva, ainda acho que se morre com a sensação de ter ficado algo pra trás.

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