"... Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim.

Doce ou atroz, manso ou feroz... eu, caçador de mim..."

Milton Nascimento











terça-feira, 31 de agosto de 2010

Nem tudo é fácil



"É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!"

CECÍLIA MEIRELES

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Diga sim pra mim - Isabella Taviani




"Eu pensei em comprar algumas flores
Só pra chamar mais atenção
Eu sei, já não há mais razão pra solidão
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim

Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
Ahhh , Sim pra mim

Eu pensei em escrever alguns poemas
Só pra tocar seu coração
Eu sei, uma pitada de romance é bom
Meu bem, eu tô pedindo a sua mão

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim

Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
ahh Sim pra mim

Prometo sempre ser o seu abrigo
Na dor, o sofrimento é dividido
Lhe juro ser fiel ao nosso encontro
Na alegria,a felicidade vem em dobro

Eu comprei uma casinha tão modesta
Eu sei, você não liga pra essas coisas
Te darei toda a riqueza de uma vida
O meu amor

Então case-se comigo numa noite de luar
Ou na manhã de um domingo a beira mar
Diga sim pra mim

Case-se comigo na igreja e no papel
Vestido branco com bouquet e lua de mel
Diga sim pra mim
Sim pra mim

Case-se comigo
Case-se comigo
Case comigo meu amor
Case-se comigo
Case-se comigo
Case comigo meu amor"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Quero férias!

Definitivamente, acho que vou ter um treco. Ultimamente tenho sentido um cansaço fora do comum. Ando sonhando com a possibilidade de tirar alguns dias de descanso e sumir do mapa. Não queria nem ir pra uma praia ou casa de amigos. Queria ir pra um lugar onde eu pudesse me esconder mesmo, tipo, passar um dia inteiro dormindo.
Estou chegando ao ponto de acabar de acordar e já ficar sonhando com a hora de dormir de novo. Os dias estão intermináveis e as noites cada vez mais curtas.
Passo o dia todo diante do computador, porque é o meu trabalho, e tem hora que olho pra ele e vejo meu travesseiro. A minha mesa vai tomando forma da minha cama e o barulho do telefone tocando parece uma canção de ninar. É muito louco isso, mas é verdade. Acho que estou pirando.
A minha cabeça e o meu corpo estão desordenados e sentem uma necessidade enorme de repousarem por uns quatro dias no mínimo. Começo a segunda feira já planejando que no  sábado vou dormir até meio dia. E o pior é que eu nunca consigo fazer isso. Levanto bem cedo porque tenho um milhão de coisas domésticas pra fazer, troco minha fantasia de escritório para a de dona de casa, e aí, da-lhe pressão: limpar casa, lavar roupa, dar banho no cachorro, pensar no almoço de domingo, e uma infinidade de afazeres que não acabam nunca.
E quando chega à noite, que era hora de estar animadíssima pra um sabadão esperto,  lá estou eu, mortinha.
E se me perguntarem: "Você troca uma balada por uma noite inteira de sono???????????????
Eu respondo: SIMMMMMMMMMMMMMMMMM"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Amor virtual - final


...Após trocarem os telefones, as conversas foram se tornando cada vez mais frequentes. Se falavam várias vezes ao dia e o assunto era tanto, que ainda marcavam de conversar a noite através do computador. Logo no primeiro contato, eles já haviam falado de algumas caracteristicas físicas, mas ainda não tinham trocado fotos. Só se conheciam através das imagens que foram criando um do outro, até que resolveram se apresentar.
 Ele tinha estatura mediana, pele morena, cabelos e olhos negros, um corpo definido, era jovem e estava esbanjando vitalidade. Ela, alta, pele clara, cabelos loiros, encaracolados e longos, olhos azuis e alguns anos a mais que ele. De inicio, ele não acreditou que aquela foto seria realmente dela, loira de olhos azuis eram as características que as mulheres mais usavam para se definirem numa conversa virtual na tentativa de impressionar quem estivesse do outro lado da tela. Ficou uma certa dúvida, porém, ela não insistiu muito pra que ele acreditasse. Mesmo porque, não acreditava que aquilo faria a menor diferença, pois,  na sua cabeça, aquele seria somente mais um dos inúmeros caras que havia conhecido na internet nos últimos tempos. Deixou-o à vontade para tirar suas próprias conclusões.
O tempo foi passando e eles foram ficando cada vez mais ligados. A cada conversa se descobriam um pouco mais e junto nascia um sentimento ainda confuso que insistia em se estebelecer. Começaram a fazer planos para se conhecerem pessoalmente. Passaram meses planejando, até que  num certo final de semana, esse encontro enfim aconteceria. Combinaram de se encontrar numa cidadezinha entre a cidade dele e onde ela morava. Ela mal conseguiu dormir naquela noite, tamanha era sua ansiedade. Havia uma certa insegurança, pois ouvira inúmeras histórias com finais tragicos, porém, resolveu arriscar. Era corajosa e curiosa o suficiente para enfrentar aquele desconhecido que passara a tomar conta de sua vida  de forma tão intensa.
Marcaram de se encontrar na rodoviária da tal cidade. Ela chegou primeiro e logo arrumou um cantinho onde pudesse se esconder e de onde conseguiria ver qualquer pessoa que chegasse. Esperou alguns minutos até que seu celular tocou. Era ele avisando que o seu ônibus acabara de chegar na rodoviária. Ela permaneceu de lá só observando. Viu que o ônibus já havia estacionado e ficou prestando atenção à todas as pessoas que desciam, uma a uma. Até que de repente, lá estava ele. Exatamente como ela tinha visto na foto. Seu coração disparou a ponto de quase saltar pela boca. Era praticamente impossível conter aquela coisa estranha que estava sentindo naquele momento. Ele entrou olhando pra todos os lados a sua procura. Pegou o telefone, e novamente ligou pra ela. Ela atendeu e seguiu em sua direção até que se viram cara a cara. Naquele instante, o mundo parou. Ambos ficaram completamente sem atitude, era encantador demais pra acreditar que o encontro finalmente estava acontecendo. Por alguns segundos, permaneceram congelados, se olhando, até que ele tomou a iniciativa e a abraçou. A emoção era tão grande que suas vozes estavam trêmulas, quase nulas. As mãos estavam frias e os corpos estremecidos. Se abraçaram e meio sem jeito  sentaram-se em um barzinho ali mesmo. Em pouco tempo o desconforto do primeiro momento havia passado, já estavam mais à vontade, tomaram um café, e sairam pela cidade.Conversaram durante horas.
Como era uma cidade turística e tinha um parque lindo, resolveram ir pra lá para passar o dia. Ambos sentiam que algo diferente estava acontecendo entre eles. Tinham uma sintonia incrível. E o lugar era tão mágico que contribuiu para que o encontro fosse perfeito. Passaram a manhã inteira  juntos. Almoçaram, e após o almoço, sentaram-se à sombra de uma árvore para descansar e se refrescarem. Compraram um sorvete e ficaram lá por horas contemplando a beleza do lugar e do momento tão especial pelo qual estavam vivendo.
Num súbto instante, um silêncio profundo pairou no ar e ele sem pestanejar a surpreendeu com um longo beijo. Ela, por nenhum momento tentou se livrar. Deixou que ele a conduzisse. Não entendia porque estava permitindo, mas havia algo muito  forte que a impedia de sair dos seus braços. A partir desse beijo,  aquele encontro estaria eternizado. Eles sabiam que talvez não iriam se encontrar nunca mais, mas, se deixaram viver aquele momento único. O dia terminou. Ela havia combinado com uma amiga que morava na mesma cidade, que passaria a noite em sua casa. Se despediram. Ele se hospedara num hotel. Se falaram mais algumas vezes durante a noite por telefone. Estavam radiantes e ao mesmo tempo confusos. Não sabiam explicar o que estavam sentindo, só sabiam que estavam em estado de êxtase.
Na manhã seguinte, se encontraram novamente no barzinho da rodoviária, tomaram café juntos se despediram cheios de promessas de um segundo encontro e com o coração apertado com a incerteza do que aconteceria daquele dia em diante.
Depois desse pimeiro encontro, os meses foram passando, e a vontade de se verem de novo foi ficando cada vez mais intensa. A relação foi criando uma proporção tão grande  que decidiram namorar a distância. Conheceram as famílias um do outro e pelo menos uma vez por mês se encontravam. Ele ia pra cidade dela e ela ia pra cidade dele. Estavam apaixonados. Cada encontro era incrível, aproveitavam cada minuto. Era uma relação diferente, talvez porque a distância fazia com que fosse assim. Os momentos que tinham  juntos, eram pré determinados e tinham hora pra acabar. Normalmente duravam somente um final de semana, e logo cada um teria que voltar à sua vida normal. E talvez por esse motivo só acontecessem coisas boas. Não tinham tempo pra perder com desentendimentos, também nem tinham motivos para isso porque não tinham rotina. A cada encontro era uma nova expectativa. Era sempre tudo novo. E a saudade e a vontade de estarem juntos era tão grande que nenhum  outro sentimento teria importância.
Faziam planos de se casarem, terem filhos, de construir uma vida nova, esses planos que todo casal apaixonado sempre faz. Estavam certos de que haviam sido feitos um para o  outro, que o destino havia feito com que se encontrassem de alguma maneira e que ficariam juntos pelo resto de suas vidas. A cada encontro descobriam juntos novas experiências, novos desafios. Estavam vivendo um conto de fadas. Sabiam que podiam se machucar, mas estavam envolvidos demais para que pudessem ter cautela. Viveram tudo sem restrições, sem barreiras, sem medos. Se entregaram de corpo e alma àquela relação.
 Mas a distância era um fator de peso nessa história. E com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais insustentável. Aquela magia do começo foi deixando de existir. E vieram as cobranças, a falta de confiança entre outras questões.
E ela, como já havia sofrido demais com a relação anterior começou a ver a situação com outros olhos. Tinha tanto medo de sofrer de novo, que não se permitia aprofundar mais. Começou a acreditar na hipótese de  que aquilo provavelmente não teria o futuro que estavam planejando, que era fantasioso demais para que dessem tanto crédito. E num ato de auto defesa começou a se afastar. Parou de telefonar, não atendia mais as ligações dele. Não respondia suas mensagens, simplesmente passou a ignorá-lo. Sofreu mesmo assim. Porque já não havia mais como fugir daquele sentimento. Mas preferiu sofrer naquele momento a prolongar a situação e sofrer em dobro depois. Preferiu então cortar o mal pela raíz.
 Ele, sem entender os motivos que a levaram a tomar tais atitudes até tentou por várias vezes algum contato. Ligava para a familia dela tentando achar uma resposta que o faria acreditar que tudo teria acabado. Ele nunca desistiu, porém, todas as suas tentativas foram inúteis. Ela realmente não estava preparada pra viver uma relação que não era convencional. Precisava se sentir segura. Queria ter alguém sim, mas que estivesse ao seu lado sempre. Alguém com quem pudesse contar a qualquer hora. E não alguém que estava a quase quinhentos quilometros de distância com quem tinha somente encontros marcados. E assim a relação se perdeu. Sem realmente ter tido um fim...
Hoje, quatro anos se passaram.
 Ela seguiu sua vida. Conheceu outra pessoa, se apaixonou novamente, e em pouco tempo depois se casou. Vive muito bem com seu esposo, o  ama muito e está imensamente realizada e feliz.
 Ele estudou, se formou, e está seguindo a sua vida.
Suas vidas se perderam e cada um traçou um novo caminho. Têm outros interesses, porém, têm em comum as lembranças dessa história e a  incerteza de que teriam sido felizes juntos ... ou não ...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Amor virtual


Depois do término de um longo e frustado relacionamento e uma terrível desilusão amorosa, ela muito desanimada das relações convencionais, resolveu passar parte do seu tempo navegando pelas salas de bate papo na internet. Passava horas sentada diante do computador, conversando com pessoas desconhecidas de várias partes do mundo. Trocava o dia pela noite. Atravessava madrugadas numa busca incessante pelo desconhecido.
Tinha plena consciência de que na maioria das vezes nada era verdadeiro, mas estava descrente demais da vida pra se preocupar com algumas  mentiras além de todas que havia vivido até aquele momento.
De alguma forma, aquilo lhe fazia bem e lhe dava um certo prazer. Via naqueles momentos de solidão e reclusão, uma maneira  de amenizar todos os sentimentos amargos que tinha acabado de experimentar.
 Fez algumas amizades, que por incrível que pareça saíram da tela do computador e se tornaram reais e fazem parte da sua vida até hoje.
Numa noite de sábado, lá estava ela, mais uma vez solitária e sofrida. Não havia ninguém em  sua casa. Mas ela preferiu ficar no seu mundinho cibernético. Nunca tinha imaginado que num sábado a noite, poderiam haver tantas pessoas na mesma situação, solitárias em casa procurando companhia num sala  de bate papo.
E se surpreendeu quando notou que a sala estava praticamente lotada. Descobriu que ela não era a única pessoa que não tinha nada pra fazer naquela noite.
Conversou com várias pessoas, trocou idéias, riu, e de repente uma pessoa em especial lhe chamou bastante atenção e, despretenciosamente, ela resolveu o chamar para uma conversa.
O cara tinha um papo interessante, era de uma cidadezinha do Sul de Minas. Pelo que disse,  era  alguns anos mais jovem do que ela. Contou várias coisas da sua vida. Parecia ser uma pessoa do bem.Contou coisas muito particulares, falou das suas tristezas, das suas dificuldades, de alguns traumas.  Descobriram que tinham muitas coisas em comum  e que de certa forma estavam vivendo praticamente as mesmas experiências.
Eram tantas afinidades que tinham a sensação de  que se conheciam há anos.
 Ela, muito cuidadosa pra não acreditar em tudo que estava sendo dito, também começou a contar algumas coisas sobre si, e o papo foi ficando tão interessante e envolvente que quando viu já tinha contado coisas  intimas como se estivesse desabafando  com sua melhor amiga. 
A noite foi passando. Há muito tempo ela não se sentia tão bem. Não estava sozinha. E quando se deram conta o dia tinha amanhecido. Não queriam se despedir, tinham assunto de sobra pra passar mais um dia inteiro ali.  Alguma coisa de muito especial havia acontecido naquela noite com aquela conversa, e ela sentia que pra ele também tinha sido especial.
E mesmo sabendo que era virtual demais pra acreditar em alguma coisa do que foi dito, decidiram trocar telefones.
Naquela noite, eles não faziam a menor idéia de que o rumo de suas vidas mudariam completamente  e que estavam prestes a viver a mais linda e inesquecível história de amor...
[continua...]

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pai...



Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar

Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Respira Kellynha... respira...

Que eu sou o ser mais ancioso e mais impulsivo do universo, todo mundo já sabe. Vivo enfiando os pés pelas mãos com esse meu jeito "esbaforido" de ser.
Tenho uns rompantes repentinos, meu humor é tão bipolar, que as vezes até eu mesma fico assustada, mas é tudo tão involuntário, que não dá tempo nem de pensar.

Acho que isso também se dá ao fato, de eu ser um tanto quanto transparente demais. Não sou do tipo que faz força pra esconder o que está sentindo ou pensando. Se não gosto de alguma coisa ou de alguém, de cara já deixo transparecer, e não há santo que me faça disfarçar o desagrado.

Quando esses súbtos de intolerância me pegam desprevenida, além de todo desconforto que causam a mim e aos outros tem também a ressaca moral que fica.
Depois que passa, vem  uma sensação horrível de vergonha, de arrependimento, uma mistura de coisas que confundem a minha cabeça , porque eu tenho plena consciência do que fiz e ao mesmo tempo não consigo encontrar uma maneira de reverter e a única solução que me resta é tentar resgatar ( se é que existe) algo que possa ter sobrado de um desastre. Daí é arrumar uma cara bem lavada e colocar lá pra bater com um simples, " desculpa por ontem, foi mal".

Essa semana, pra variar, tive mais um desses momentos de pane total. Me vi numa situação completamente desagradável  e não titubiei ao fazer com que todo mundo notasse a minha insatisfação. E em questão de segundos, estraguei uma noite que tinha (quase) tudo  pra ser perfeita. Não fosse o fato de eu me encontrar contrariada naquele instante. E aí foi fatal. O tal rompante tomou conta de mim e logo estava tudo destruído, o que me rendeu quase uma noite inteira de discussão, trocas de ofensas e acusações e um quilo  a mais de olheiras por uma noite mal dormida. Era a tal da ressaca me pegando de novo.

Depois da tempestade, paro pra pensar em tudo o que ocorreu e chego a conclusão de que o meu maior problema, é a minha terrível mania de agir e falar as coisas sem pensar. Faço o que me dá na telha.
Não paro pra pensar nas consequências, em quantas pessoas ficam aborrecidas, chateadas e constrangidas por causa disso.
E na maioria das vezes, ninguém nem  entende o que exatamente aconteceu.

 Depois de contar pra minha mãe tudo que eu havia provocado, ela me  falou uma coisa  que eu estou tentando colocar em prática. Ela, sempre tão coerente , teceu o seu sábio conselho:
"Kellynha, quando você ver que está prestes a ter essas atitudes, pára e respira."
Sábias palavras... Aliás, como tudo o que ela diz.

Tenho plena consciência de que o que me falta é o mínimo de sensatez para discernir tais atitudes antes de praticá-las.
Eis que criei alguns pontos para serem analisados segundos antes de cometer qualquer insanidade outra vez, enquanto tento aprender a tática da respiração pré confusão:
 "Porque estou tendo tal atitude?"
" Será mesmo necessário criar toda uma situação desagradável que na maioria das vezes, é por coisas tão  insignificantes?"
 Valerá à pena todo esse desgaste?"
"O que esses rompantes irão acrescentar de bom à minha vida e à vida das pessoas envolvidas?"

Diante dessas questões, retomo minha lucidez e concluo que definitivamente não há nenhuma razão para tais ataques de loucura.

 A vida é curta demais pra ser desperdiçada com bobagens. Não dá pra ficar perdendo tempo. Não dá pra passar a vida toda errando e pedindo desculpas.  Evitar é a melhor opção. Depois que está feito, por mais que se peça desculpas, que se explique, a imagem que foi deixada não irá mudar.

O melhor que tenho a fazer, é reverter essa situação enquanto há tempo. Enquanto está me sendo dada uma chance pra consertar o que está errado.
Não adianta "chorar pelo leite derramado".
A hora da mudança é agora!
Refletir, relaxar e viver...  em paz, sem neuras, sem ser irracional, sem sofrer ... sem fazer outras pessoas sofrerem... com prazer!

Respirar... respirar... respirar...


"... Controlando a minha maluquez ... misturada com minha lucidez..."
                                                                                            Raul Seixas

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.


Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota do que infeliz!

Arnaldo Jabor