"... Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim.

Doce ou atroz, manso ou feroz... eu, caçador de mim..."

Milton Nascimento











terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ninguém é dono de ninguém




Outro dia estava conversando com a minha mãe sobre relacionamento, convivência e principalmente sobre o fato da gente querer prender as pessoas que amamos. Como se isso fosse garantia de que elas seriam nossas pro resto da vida. Todos temos esse hábito, mesmo que involuntariamente. É só começarmos a ter um relacionamento mais sério que passamos a dominar a vida do outro e achar que ele não pode mais fazer nada sozinho. O que na realidade é um grande erro. "Ninguém é dono de ninguém".

Bom, baseado nessa conversa ( que por sinal me fez repensar algumas atitudes), me lembrei de um trecho que eu copiei do Livro Onze Minutos de Paulo Coelho, que eu li há muito tempo e achei que seria interessante colocá-lo aqui para concluir esse texto:

"Era uma vez, um pássaro adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu e alegrar quem o observasse. Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro. Mas então pensou: "Talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes!" E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja da capacidade de voar do pássaro. E sentiu-se sozinha. E pensou: "Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá."

O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha e foi preso na gaiola. Todos os dias ela olhava para o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão e ela mostrava para suas amigas que comentavam: " Mas você é uma pessoa que tem tudo."

Entretanto, umas estranha transformação começou a processar-se.

Como tinha o pássaro e já não precisava mais conquistá-lo, foi perdendo o seu interesse. O pássaro sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio, e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e cuidava de sua gaiola.

Um belo dia o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez voando contente entre as nuvens. Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico. Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido e a morte veio bater à sua porta.

-Porque você veio? Perguntou à morte?

-Para que você possa voar de novo com ele nos céus. Respondeu a morte. Se você o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais. Entretanto agora, você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Saudades da minha infância!




Hoje o dia amanheceu nublado. O céu está cinza! Um vento frio entra por uma fresta da janela me fazendo lembrar de um dia especial que vivi num certo inverno de uma certa época de um tempo que já passou. Isso me faz ter saudade! Uma música triste toca no rádio, e os meus pensamentos se perdem nesse som como se eu estivesse fora de órbita.Tem um cão deitado aos meus pés e outro latindo la fora. Outra música começa a tocar e eu me perco entre o que quero escrever e o que estou ouvindo. Uma confusão de palavras e sensações tomam conta de mim. Como explicar o que sinto? Não sei.Tem dia que é assim mesmo. Sinto coisas inexplicáveis. As vezes rio, outras choro, sem nem mesmo saber porque. Sinto solidão, dor, saudade. Sinto tristeza, pulo de alegria, tudo isso em questões de minutos. E isso as vezes acontece sem nenhum motivo aparente. Viajo na minha memória revivendo momentos importantes e outros não tão importantes assim, com uma intensidade que quase tornam reais essas lembranças. As vezes tenho a sensação de voltar no tempo. Passo os dias lembrando da infância. Esse passado lindo que não volta mais. Sinto o cheiro das coisas daquela época. Sinto o gosto da fruta chupada no pé, ouços os gritos daqueles que um dia juraram ser os meus "amigos para sempre" e dos quais a maioria hoje não tenho mais notícias. Ouço músicas que marcaram por algum motivo e lembro com nostalgia de momentos simples, mas que na infância tinham uma proporção gigantesca.Ah! anos oitenta que não voltam mais! Época linda que marcou tanto e que hoje está somente na memória, nos livros, na internet...E depois de tanto viajar nas lembranças, chega o momento de cair na real e encarar a outra fase da vida. O hoje. Essa fase que aos dezessete anos desejei tanto conquistar, na ilusão de que, aos dezoito anos,eu seria a dona do mundo, que ninguém mais mandaria em mim, que eu tomaria as minhas próprias decisões, que eu poderia sair a noite sem ter hora pra voltar e principalmente que eu seria livre e que essa liberdade seria a melhor coisa que poderia existir. Doce ilusão!!!!Agora, paro e penso que os meus dezoito anos chegaram e passaram tão rapidamente, que os trinta já estão passando também, e com isso me dou conta do quão importante foi a minha infância. E penso em como poderiam ter passado devagar cada segundo para que eu pudesse tê-la aproveitado muito mais. Como eu queria poder voltar naquele tempo. Quanta saudade!!Aquilo sim era ter liberdade. Eu era livre pra pensar e falar o que eu quisesse, porque criança pode tudo. Criança pode amar ou odiar alguém e principalmente pode expressar esse sentimento, tendo como trunfo o poder de ser "sincera", isso em criança é comum e ninguém nem repara. Pode se lambuzar com o caldo da manga que escorre por entre os dedos e vai descendo pelo braço, ou, com o chocolate que derreteu. Pode dormir sem se preocupar com as coisas que tem pra fazer no dia seguinte. Pode ter pesadelos a noite e correr pra cama dos pais e voltar a dormir agarrados a eles, com a incrível certeza de que ali nada de ruim pode acontecer. Criança, pode correr na rua descalço, pode gritar, suar, ser livre...Ah!! Que saudade da minha infância que hoje até me faz chorar! Minha cabeça mais parece um livro que conta histórias tiradas do fundo do baú da minha alma e que nem aos oitenta anos eu vou conseguir esquecer!Naquele tempo eu era muito feliz...e achava que a felicidade ainda estava por vir!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Carnaval?


É... e finalmente chegou o carnaval... de novo! Todo ano é a mesma coisa! Desfiles das escolas na televisão em uma emissora, transmissão infindável ( e chata) do carnaval de Salvador em outra, as "ex BBB", "ex namoradas de jogador de futebol", "ex dançarina do Faustão", "namorada e ex namorada de ex presidiário famoso" e outras "ex alguma coisa", disputando pra ver quem paga mais pra sair no melhor destaque, e assim, o nosso carnaval, aquele carnaval gostoso dos bailes nos clubes, de gente animada onde a única intenção era se divertir, vão ficando só na lembrança.
As marchinhas foram brutalmente mutiladas pelo funk, essa coisa burra que inventaram com letras praticamente pornográficas, que a gente acaba dançando por pura falta de opção ( mesmo abominando completamente)...
As fantasias inocentes de palhaço, bailarina, super homem, deram lugar às penas de "não sei o que", isso quando tem fantasia, porque a maioria das mulheres passam o ano sem comer pra saírem peladas fantasiadas apenas de silicone e butox...
Com todas essas transformações na festa mais popular do Brasil, chego a uma conclusão.
O carnaval morreu... Não dá mais pra sair de casa pra pular carnaval! Como se não bastassem todas essas mutações ridículas pelas quais anda passando o nosso saudoso carnaval, ainda temos que nos preocupar com a violência. Se você sair corre o risco de não voltar mais. De ser assaltado no caminho ou de chegar em casa e não ter mais nada dentro. O carnaval virou o mercado popular dos bandidos. E quando você opta por ficar em casa tem que deitar e dormir porque a televisão não ajuda em nada. Ou na pior das hipóteses comprar um daqueles pacotes promocionais na locadora onde você aluga dois dvd's lançamento e ganha inteiramente de brinde mais cinco locações de filmes que passam na sessão da tarde todos os dias o ano inteiro.
É ... acho que tô ficando chata!! Não tenho mais paciência com essa nova modalidade de carnaval.
O feriado é bom... mas não pra curtir o carnaval!!
Vou preparar minha pipoquinha e minha seleção de filmes, colchãozinho no chão da sala e me jogar até na quarta feira de cinzas.
E aí... é só começar o ano de vez e esperar pra que venha o próximo carnaval!!!

AH! "SE BEBER NÃO DIRIJA E USEM CAMISINHA GENTE!!!"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O blog







- Sempre tento estar por dentro das novidades que brotam na net a todo o tempo e que em fração de segundos passa a ser a "febre" do momento. Essa necessidade que sentimos de fazer parte do que todo mundo usa ou faz nos deixa assim meio escravos do que passa a ser universal. E assim a gente vai aderindo às novidades do mundo virtual. Mas com o blog não foi assim. Me fiz resistente durante todo esse tempo. Não entendia direito como funcionava e pra quê ele poderia servir. Pensava: "Porque alguém precisa ter uma página na internet pra escrever as coisas que pensa pra um bando de desconhecidos ficar lendo? " Pura resistência minha mesmo! No fundo achava o máximo invadir os blogs das pessoas, ler as coisas que elas escrevem e analisar tudo de uma forma crítica e ao mesmo tempo invejosa de fazer a mesma coisa.
Daí a minha resistência que teimava em ser mais forte do que a minha vontade, resolveu dar o braço a torcer e aqui estou eu, postando o meu primeiro e humilde texto num Blog... como disse no perfil eu, mais uma vez, contradizendo-me. São as minhas vontades contradizendo os meus princípios, ou, o contrário. Ah! não sei bem. Só sei que agora tenho um blog, e nele vou postar tudo que já escrevi. Decidi que no auge dos meus trinta anos posso fazer tudo que me der na telha. Contrariar a minha concepção da vida e viver sem me importar com que o outro vai pensar de mim. Afinal, a net é infinita e não vai se sentir invadida por ter um blogzinho a mais na sua lista né?