"... Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim.

Doce ou atroz, manso ou feroz... eu, caçador de mim..."

Milton Nascimento











terça-feira, 6 de abril de 2010

Do amor

É só pra deixar registrado.


Do Amor
Paulinho Moska


"Não falo do amor romântico,
aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada,entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado.
Mas é extamente o oposto pra mim, que o amor se manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construido, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta?
O amor é desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor. Não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
como se fossem novas estrelas recém nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa.
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto."

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